Iniciando mais um ano, queremos
continuar com as reflexões sobre alguns dos avanços e desafios sócio
educacionais. Ousamos destacar alguns deles: a responsabilização, a
transparência, a implementação de um sistema de avaliação capaz de dar
conta de toda a complexidade educacional brasileira, a
descentralização e os conselhos gestores, a relação educação trabalho
e cidadania. Quais as implicações de cada um desses elementos no
cenário nacional, nas políticas publicas e na vida do cidadão e da
cidadã brasileiros? Como e em que medida as políticas públicas
consideram esses elementos? Seria impossível responderemos
satisfatoriamente a todas essas indagações que afligem os pensadores e
aqueles que definem as políticas públicas. Faltaria o espaço e a
competência necessários para o aprofunda-mento adequado. Contudo,
temos o privilégio de publicar neste número artigos de pesquisadores e
cientista sociais preocupados com essas e outras questões semelhantes.
No âmbito da avaliação educacional
em larga escala e do estabelecimento de avaliações estaduais e da "accountability",
Nigel Brooke nos brinda com um artigo que apresenta uma análise ampla
sobre os caminhos da avaliação do sistema de ensino básico nacional,
incluindo sua trajetória desde a primeira experiência com o SAEB na
última década do século XX até os desdobramentos ocorridos ao longo
dos últimos 16 anos. Em seguida, Antonio Bolívar discute a avaliação
institucional que, desde os anos, 80, passou a ser de grande interesse
das políticas publicas na maioria dos paises, inclusive dos paises
latinos, inclusive no Brasil. Uma equipe de pesquisadores escreve
sobre o perfil das estudantes do curso normal superior, destacando
três vetores importantes: condição social, sexo e cor da pele ou
etnia. O texto de Ângela Borges critica a centralização no mercado de
trabalho que os cursos, mesmo os universitários, estabelecem para
definir suas propostas curriculares e desmistifica a relação direta
entre o desemprego e baixa escolarização, apresentando outras
variáveis importantes que interferem no processo. Sua cuidadosa e
ampla análise trás nova perspectiva para o entendimento multifacetado
dessa questão que aflige grande parte da população nacional, não sendo
contudo, um fenômeno apenas da sociedade brasileira. Dornelles,
Vitalle e Pinto fazem reflexões sobre a educação, a cidadania e o
controle social das políticas públicas. A participação cidadão
mediante os conselhos gestores , o acompanhamento e a participação
social no controle do uso do recurso publico destinado à educação
fundamental são também discutidos por Morais e França. A participação
é percebida como "uma conquista, um produto sócio-histórico-cultural"
decorrente das lutas de classe estabelecidas no contexto nacional e a
abertura política iniciada nos anos 80.
Agradecemos a todos os nossos
colaboradores e leitores, desejando um feliz ano e muitas realizações
pessoas e profissionais