Editorial GA v8 n2 2005

 

Editorial
Katia Siqueira de Freitas, Ph.D.
Editor.

Prezados leitores,

 

Enquanto nos Estados Unidos o furacão KATRINA desnudar para o mundo as desigualdades socioeconômicas daquele país, no Brasil só precisamos examinar uns poucos dados já estampados em todos os jornais para identificarmos nossa iniqüidade que potencializa o furacão ignorância. Vejamos. Oitavo país em desigualdade social, concentrando cerca de 46,9% da renda nacional nas mãos de cerca de 10% da população, segundo dados de 2003 do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) o Brasil que discursa sobre alta qualidade da educação, educação continuada e outras coisas mais, investe apenas US$832.00 por aluno/ano. Estudantes brasileiros continuam com fraco desempenho em leitura e matemática. A Finlândia aplica cerca de US$4,706.00 por aluno/ano e ocupa primeiro lugar no exame PISA. O que faz a diferença?

 

Não é novidade a informação de que os estudantes brasileiros precisam melhorar o desempenho, que mais verba é necessária para ser aplicada no setor educação e, ainda, que é necessário desconcentrar a renda nacional. A dificuldade é transformar estes dados, estas informações em conhecimento e ações concretas capazes de operacionalizar os discursos e intenções políticas, expressos inclusive na legislação educacional brasileira e na Constituição Federal/1988, que garante educação como direito de todos, preparação para a cidadania e para o trabalho. Que trabalho é possível na sociedade pós-moderna se a leitura e a matemática básica não são do domínio do cidadão? O que falta para um mutirão em prol da educação de qualidade inclusiva para todos? Exclamará a grande maioria dos intelectuais: "tudo isto já sabemos, até os meios de comunicação de massa já discutem estas questões, nada é novidade. Conhecemos algumas respostas que podem dar certo" Mas, continuamos questionando: o que fazemos na prática cotidiana com essas respostas que podem dar certo? Qual ou quais ações e intervenções implementamos? Não somos impotentes e devemos agir além de discutir e polemizar. O conjunto de dados, as teorias sobre educação, sobre aprendizagem, a gestão da aprendizagem e tudo mais que já sabemos pode ser colocado a serviço de uma real educação de qualidade inclusiva para todos. Se todos juntos formos mais humanos, poderemos compartilhar. com toda a população de brasileira independente de idade, etnia, condição financeira, religiosa ou sexual, nosso poder que advém de todo o conhecimento construído ao longo dos anos e das experiências vividas.

 

A pluralidade de variáveis que envolvem o processo educacional e a sua qualidade vem sendo pesquisada e discutida por  vários autores de várias nacionalidades  ao longo do tempo. Já dominamos um grande cabedal de conhecimento importante, precisamos dominar sua execução prática. A teoria e a prática aliadas à  vontade política  do  fazer acontecer e às condições básicas poderão permitir que possamos,  finalmente, afirmar  que toda a educação brasileira em todos os seus  níveis é de qualidade compatível com o século XXI em pelo menos 3 aspectos: o humano, o científico e o tecnológica. Enquanto  isto não acontece, sonhamos com um Brasil que, em cada um dos seus  municípios, todos  saibam pelo menos ler, escrever, contar, comunicar, interagir com o meio ambiente e aceitar as diversidades étnicas, culturais, de condição sexual e tantas outras que compõem a humanidade.

 

Este número apresenta seis artigos, nacionais e internacionais, que discutem os meandros da educação, pressupostos, teorias, elementos relacionais, gerenciais, liderança, gênero, competências dos administradores de hospitais, alegrias e  tristezas do sistema de melhoramento da educação em geral. Enquanto este melhoramento não chega, resta-nos sonhar e trabalhar cada vez mais na direção deste sonho. Contamos com você, educador,  por opção e profissão, com você, leitor, cidadão que deseja um mundo melhor: mais justo socialmente, equânime e inclusivo e cuja distribuição de renda permita a moradia decente, a saúde, o alimento para o corpo, a construção coletiva do conhecimento em prol da humanidade, a socialização e o constante aprimoramento de todos os aspectos da vida no planeta.

 

É por tudo isto, é por você e para você leitor que nossa equipe  busca  incansavelmente  o melhor desempenho possível.  Boa leitura.

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