A minha primeira palavra é para agradecer a toda a equipe de trabalho da
GA pelas conquistas em termos de qualidade e de circulação. Ambos os
aspectos têm sido crescentes. As qualidades científica, visual e técnica
estão aprimoradas e a GA alcançou o portal da CAPES a partir do v.7,
n.1, jan/abril 2004. Segundo nosso entendimento, estar no Portal da
CAPES é muito significativo para os que cuidam da GA com carinho e
dedicação. Por outro lado, as solicitações para permuta vêm aumentando,
sinalizando maior interação entre editores, periódicos científicos e
autores do Brasil e de outros países como Espanha, Chile, Portugal e
Peru.
Como afirmam Braslavsky e
Acosta, ambas pesquisadoras argentinas, a formação para a gestão e a
política educativa ainda é um dos grandes desafios na América Latina.
Várias iniciativas estão voltadas para o enfrentamento dessa questão.
Reputamos a iniciativa da Unesco, via Instituto Internacional de
Planejamento em Educação com sede em Buenos Aires (IIPE/BA), como muito
importante e talvez a mais amplamente conhecida entre nós latinos.
Essa instituição tem
desenvolvido e publicado material didático com a colaboração de
pesquisadores de praticamente todos os países da América Latina,
inclusive do Brasil com a participação da Universidade Federal da Bahia.
Essa articulação permite uma forte aproximação entre a produção de
conhecimentos e a realidade latino-americana em geral.
Consideramos essa estratégia
um grande avanço que valoriza as diferentes nuances da cultura e dos
conhecimentos produzidos nos nossos países, possibilitando o intercâmbio
de nossas experiências nacional e internacionalmente. Outra iniciativa
louvável tem sido a condução de cursos de atualização continuada em
políticas e gestão da educação, preparando profissionais dessa área para
o enfrentamento dos desafios atuais que permeiam a sociedade, os
sistemas e as unidades de ensino. O primeiro artigo desta edição é
escrito pelas autoras citadas e descreve essas iniciativas.
A visão política e histórica
da descentralização financeira, articulação das políticas educacionais
com a reforma do estado e planos, projetos e planejamentos são
discutidas por Magna França, que denuncia a descontinuidade política dos
planos nacionais de educação. Suas considerações levam-nos a questionar
as intenções da descontinuidade e a pouca exeqüibilidade dos planos, que
fre-qüentemente desconsideram as pessoas concretas no seu contexto
cultural.
Nesse sentido, Celma Borges
enfatiza as relações de grupo e as pessoas com suas representações
sociais. Ela questiona a impropriedade da linguagem científica usada
para a transmissão de informações às camadas da população socialmente
diversificadas. Ela alerta para o conjunto de representações sociais já
elaboradas e a interferência nos processos comunicativos e educativos.
Sendo a escola, especialmente a pública, permeada pela conjunção de
várias camadas sociais, essas reflexões precisam ser consideradas pelos
gestores, divulgadores de políticas e professores, cuja essência do
trabalho é dirigido à razão e à emoção de pessoas ansiosas por melhorar
sua condição de vida a partir das oportunidades educacionais
vivenciadas.
A análise dos movimentos
estudantis, como forma de expressão contrária à autoridade constituída e
simpática ao socialismo, à autogestão e à proposta de co-gestão
universitária, são reflexões de Luis Antonio Groppo, envolvendo a crise
institucional da universidade nos séculos XX e XXI. Ele considera a
conquista de aproximação da mencionada instituição com as camadas mais
populares da sociedade. Esse movimento, a partir dos anos de 1960, é
visto como um avanço dos direitos sociais resultante das lutas pela
consolidação da democracia no interior do mundo científico.
Nessa linha política de
ampliação da democracia, o artigo de Maria Salete Genovez se reporta à
pesquisa realizada sobre a escola pública de São Paulo. Foi empregado o
enfoque crítico e examinadas as contradições do cotidiano que, em
verdade, impulsionam novas formas de gestão, tão discutidas e amplamente
empregadas nesse mundo escolar. A participação e toda a problemática
decorrente foi analisada.
As contradições das
Diretrizes Curriculares, emanadas pelo Conselho Nacional de Educação e
de outros atos legais para os cursos de graduação em licenciatura, são
examinadas no trabalho de Márcia Pontes. A autora chama a atenção para
questões altamente relevantes para a formação dos educadores e gestores
em educação, focando na contradição do regulamento de horas para ações
práticas, dentre outras questões altamente relevantes para a formação
dos educadores e gestores em educação.
Ainda com relação às
políticas de formação de profissionais universitários, às Diretrizes
curriculares nacionais e à preparação para o exercício da gestão e da
liderança, Silva Filho, Madureira e Teles se reportam ao conceito de
competências de Philippe Perrenoud e o aplicam na formação de
enfermeiros.