No Brasil,infelizmente, a escola pública não se tem mostrado um
instrumento eficiente de inclusão social é o que nos revelam os últimos
resultados do ENEM. Alunos de escolas particulares se saem melhor que os
da rede pública e os mais ricos ficam à frente dos mais pobres; filhos
de pais instruídos também exibem rendimento superior. A cada ano os
resultados do ENEM indicam que o baixo desempenho está associado à
pobreza e à falta de estímulos intelectuais em casa: o que é igual a se
reconhecer que filhos de pais pobres e sem instrução experimentam
maiores dificuldades para manter-se na escola do ensino médio com boas
notas, quando não abandonam os estudos bem antes; outros dados nos
mostram que, ocasionalmente, talvez eles ingressem na universidade.
Se
por um lado o país se destaca internacionalmente por suas bem sucedidas
experiências em novas tecnologias de informação e comunicação, por
outro vê-se negado o acesso digital à maior parte de sua população
cujo perfil de distribuição de renda é um dos piores do mundo. A mesma
exclusão se pode observar em áreas de entretenimento tão necessárias a
uma educação de qualidade: infelizmente, é este país rico de
população pobre e desigualdade extrema,"com direito" à
exclusão de gênero, classe e cor/raça, isso refletindo sobre o
compromisso do Estado com a qualidade da educação.
Ainda
em 1872, em final do século XIX, vigoravam leis que proibiam o acesso de
negros e negras, livres ou libertos, a escolas de qualquer nível, sendo
bom lembrar que a criação dos primeiros cursos de ensino superior data
do início do século. Joaquim Nabuco em O Abolicionista previu: " O
processo natural pelo qual a escravidão fossilizou nos seus moldes a
exuberante vitalidade do nosso povo durou todo o período de crescimento
e, enquanto a nação não tiver consciência de que lhe é indispensável
adaptar à liberdade cada um dos aparelhos de que a escravidão se
apropriou, a obra desta irá por diante mesmo quando não houver mais
escravidão" Mudar é difícil, mais é possível e urgente - diz
Paulo Freire. Somente por meio da educação e do ensino de qualidade a
escola pública estará aberta para o redimensionamento. Pensar-se em uma
pedagogia cuja pauta educacional não tem lugar apenas na sala de aula,
mas em círculos culturais; sendo a experiência do aluno e do professor
fonte de análise quanto oportunidade de desmistificar falsos valores.Para
tanto, a escola precisa aprender a analisar o mundo, ter consciência de
como a sociedade funciona para poder planejar, programar e implementar em
sala de aula um currículo com base na própria comunidade, e praticar a
pedagogia também como exercício político a exemplo do Conselho
Escolar,do Projeto Político Pedagógico, do Plano de Desenvolvimento da
Escola, do Grêmio Estudantil, do Conselho de Representantes de Turmas etc
.que abrem espaço e promovem a autonomia administrativa e pedagógica da
escola, pondo o currículo nas mãos do professor capacitado e
comprometido em partilhar e compartilhar dos contextos de debates, da reformulação
de conceitos voltados a formar pessoas competitivas com igualdade de
oportunidades para se tornarem cidadãos do mundo.
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